sábado, 14 de novembro de 2015

Argentina sobra, perde controle da partida e cede empate ao bagunçado Brasil de Dunga

Em campo pela terceira rodada das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2018, Argentina e Brasil empataram no Monumental de Nuñez por 1 a 1. Se o placar entristece os argentinos que se complicam nesse início de campanha, a performance dos comandados de Tata Martino, que não contou com suas principais peças, machucadas, agrada. A Argentina sobrou na partida, mas não soube fazer da facilidade do jogo uma ponte para o controle do mesmo. Mudança simples e óbvia de Dunga rendeu empate ao bagunçado e preguiçoso Brasil.

Filipe Luis e Di Maria duelaram durante todo o clássico (Foto: globoesporte.com)

Foi interessante ver que, mesmo desfalcada de suas principais referências técnicas, a geração argentina consegue ser competitiva, protagonista. Tata colocou em campo uma formação aparentemente cautelosa para quem via só as peças, mas que dentro das quatro linhas, claro, explorando a enorme bagunça que é a Seleção Brasileira de Dunga, fez por merecer uma vitória até certo ponto tranquila, mas que acabou se tornando um empate bobo. 

Com uma partida sólida do sempre enorme Mascherano, a defesa argentina conseguiu suportar todas as bolas longas do Brasil. Aliás, é preocupante perceber que a bola longa, que pula a zona mais importante do jogo, o meio de campo, é a principal arma de Dunga para incomodar os adversários. Sintoma de que as coisas estão, ao contrário do que pareciam nos últimos amistosos, longe da evolução. Em campo, sistemas defensivos diferentes. Dunga diminui ao máximo o espaço entre seus defensores, já Tata faz o inverso e a distância entre os homens da primeira linha é uma arma de saída de jogo. Destaque para a cobertura de Mascherano, que a todo momento trabalha por dentro dos zagueiros, qualificando o primeiro passe.

Restrição de espaço entre peças de um lado, expansão do outro

Primeiro tempo

A parte inicial do jogo foi uma enorme pista do que veríamos em boa parte da partida. As dificuldades na saída de bola do Brasil foram de grande ajuda na proposta de pressão hermana. Com as linhas altas, os 8 primeiros minutos da partida foram cruéis aos brasileiros. Muitos erros de passe e lançamentos, várias roubadas de bola dos argentinos. Claro que, com o passar do tempo, a estamina diminui e a pressão se esvai. Todavia, a dificuldade na recomposição da Seleção Brasileira culminou em alguns sustos ao goleiro do Internacional. 

A principal falha do Brasil no primeiro tempo acontece pela preguiça do seu principal jogador. Neymar simplesmente não quis contribuir defensivamente na partida e deixou Filipe Luis na mão em diversas oportunidades, tanto que a jogada do gol da Argentina acontece depois de vários avisos. Di Maria e Higuain criaram boas oportunidades nas costas do lateral-esquerdo do Atlético de Madrid que porcamente era coberto pelo sempre estabanado David Luiz. De tanto forçar, a Argentina abriu o marcador. Neymar não recompõe, Filipe se adianta para encostar no atacante e abre espaço para a projeção do centroavante do Napoli, que cruza para Lavezzi balançar a rede de Alisson. 1 a 0.

Neymar, mal no jogo, não contribui na marcação. Willian, diferente do camisa 10, ajuda Alves

Como citei, diferente do camisa 10 e craque do Barcelona, Willian foi muito bem na recomposição, algo que tem se tornado uma de suas principais características. É de se elogiar o comprometimento com o jogo, com as funções a as necessidades do time que possui o camisa 19. Willian é raro e um diferencial coletivo no meio de tanta bagunça com a camisa verde e amarela. 

Primeiro tempo é de domínio absoluto da Argentina

Segundo tempo

A segunda parte do jogo pode ser vista como mais equilibrada. Apesar de ter voltado tão desatento quanto no primeiro tempo, o time de Dunga melhora com uma mudança que é obviamente a melhor forma de encaixe de jogo para o Brasil. Dunga reposiciona seu meio de campo, que inexistia, e começa a ter alguma chance de equilibrar o jogo. E isso é o que justamente acontece. Lucas Lima centraliza e Elias sobe, Luis Gustavo ocupa a função de "entrelinhas" e o Brasil passa a circular mais a bola, talvez o segundo principal problema da Seleção depois da falta de comprometimento coletivo. 

Dunga mexe na estrutura do meio de campo do Brasil

Tata demorou a responder, e foi obrigado a ver seu time perder o controle do jogo, algo imperdoável dentro do cenário da partida. 

Observando a pouca movimentação de Ricardo Oliveira, Dunga acerta. Saca o centroavante do Santos e põe Douglas Costa no jogo. Com disposição, o extremo do Bayern ocupa a faixa esquerda do ataque e Neymar centraliza. Com a maior movimentação do time, surge a situação do gol. Óbvio que há claramente uma influência da sorte na bola que sobra para Lucas Lima, todavia, não é justo ignorar a movimentação que melhora e propicia a jogada. Gol do meia do Santos, 1 a 1.

Tata responde com Lamela, Gaitan e Dybala, que não entram bem

Após o empate, Martino mexe e se adapta às mudanças do Brasil, que renova o gás do meio com Renato Augusto. Tata aposta em Gaitan, Lamela e Dybala, mas nenhuma das três boas peças que saem do banco consegue mexer com a rédeas da partida. Estava claro em boa parte da segunda etapa que a Argentina havia perdido o controle do jogo e, mesmo sobrando em campo, teria de esperar pelo erro brasileiro para vencer. 

E o erro veio. Primeiro, precisamos falar sobre David Luiz. Novamente presenciamos uma partida vergonhosa do zagueiro. David errou tudo durante o jogo e ainda conseguiu ser expulso nos minutos finais de forma bizarra e infantil. Em bola alçada na área em um momento crucial, David perdeu contato com um dos atacantes argentinos e por pouco não viu se companheiro de lado esquerdo marcar contra. Noite para esquecer, ou relembrar, o que parece mais inteligente. David Luiz pode até ser titular do time, entretanto, jamais será um zagueiro confiável.

O clássico até que poderia ter sido melhor, mais produtivo tecnicamente, mas acabou sendo válido para percebermos que não é tão difícil enxergar os erros da Seleção Brasileira. Digo que será impossível pensar em competir em igualdade com as demais nações sem uma mudança drástica na forma de pensar futebol no comando do time. Uma mudança óbvia e simples, como a remodelação do desenho do time em campo já deu resultados, o que nos indica que o caminho que todos pensam ser o melhor tem realmente enorme chance de estar correto. O Brasil precisa de gente capaz de pensar o jogo fora e dentro do gramado. 

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